A Flecha


Uma poesia, de outro caminhante deste caminho:

De vez em quando chegamos no rasante
Dilatamos as pupilas em detrimento da razão
Saltamos abismos para estender territórios
Sanamos dívidas para selarmos adiante
O que outrora nos grimórios lançamos mão

Veja como a neve é bela no continente distante
Cala-te frente ao silêncio da imensidão que atordoa
Sinta como o frio revela poros que se eriçam pedantes
Desanuvia o verbo que em teu ventre ecoa

É de encanto a noite e de vista turva este dia
Aquela que não resvala nas nuvens
Nem tampouco alucina, é da noite que falo
O outro que atropela sonhos
E invade a madrugada que fulge, durante o dia eu parto

Trovões rugem como se não houvesse tempo
E sigilos caem em vidros partidos por todos os lados
Na pele do cordeiro estirada para secar nos séculos
Aparecem caracteres confusos sobre seres alados

Ambos os segredos aterrorizam
O que destroça augúrios e distingue farpas
O que estremece a fronte e alumia
O que foi descrito ou realçado entre aspas
O que tenta aliviar a fome que nunca sacia

Chego perene ao meio do furacão
É no olho da tormenta que me anuncio
E quando uma flecha zarpar em tua direção
E quando abrires os braços pro alvo do teu espírito
Tocarei a marca desmedida e faminta
Sem te dar tempo ou precaução.

Corvo
15/07/2005 12:23h.

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