História Pessoal


Uma das muitas coisas que um indivíduo precisa lidar para trilhar o Caminho do Guerreiro é com sua História Pessoal. Todos os nossos feitos, nossas peras, nossas histórias e nossos conceitos. Tudo aquilo que nós acreditamos ser devido a nossas experiências de vida. Tudo que pensamos ser, devido à reflexão que fixemos de nós mesmos frente ao que os outros nos dizem sobre nós. A História Pessoal é todo o senso de importância que damos à nós mesmos, o que os Guerreiros chamam de Auto-Importância. É a Auto-Importância que nos leva aos inimigos mais freqüentes desta caminhada: A Comiseração e a Entrega.

Para se lidar com a Auto-Importância o Guerreiro deve, antes de tudo, querer fazê-lo. “Não se pode ajudar alguém que não quer ajuda”. Lidar com a Auto-Importância requer um disciplina férrea, pois estamos muito acostumados a nos deixar levar por nossos padrões de comportamento e nosso senso errôneo de superioridade. O Guerreiro deve ser humilde, não por que sente-se inferior ou por algum sentimento disfarçado de superioridade que a humildade traz, mas por que compreende que “ como tudo no mundo “ ele é um mistério insondável, e como tal, jamais poderá ser completamente compreendido. Exatamente como tudo que o cerca.

Estas são algumas proposições da Arte da Espreita:
“Tudo o que nos rodeia é de um mistério insondável.
Devemos tentar desvendar esses mistérios, mas sem esperar jamais conseguir isso.
Um guerreiro, ciente dos mistérios insondáveis que o cercam e ciente do seu dever de tentar desvendá-los, ocupa seu lugar certo entre os mistérios e vê a sim mesmo como um deles. Conseqüentemente, para um guerreiro o mistério de ser não tem fim, seja ser uma pedra, uma formiga ou ele próprio. Essa é a humildade de um guerreiro. Uma pessoa é igual a tudo. “
Acabar com a História Pessoal é de extrema importância para os Guerreiros pois é uma das muitas formas de se economizar energia. Nossos padrões repetitivos de comportamento e nossa luta para manter a imagem que foi construída nos consome. Pergunte a si mesmo e observe nos outros: Quantas vezes não se fica exausto depois de uma situação em que se tenha que provar aquilo de se espera de uma pessoa ou de uma discussão em que se precise forçar alguém a aceitar seu ponto de vista.

Ok, vamos sair um pouco da aula teórica. Para acabar com a História Pessoal (sem entrar mais na Arte da Espreita) o Guerreiro deve elaborar uma lista do que faz durante o dia. Esta lista, como tudo mais na vida dele, deve ser feita como um ato de magia ? ele deve dar o melhor de si nesta tarefa. Uma vez de posse da lista, ele deve sistematicamente deixar de fazer as atividades que são supérfluas para seu desenvolvimento, de modo que possam poupar sua energia. O critério para a seleção das atividades a serem cortadas é exatamente o sentimento de importância e vaidade.

Outra forma de se acabar com a História Pessoal, a Auto-Importância (e sua vida social... ooops) são os Não-Fazeres. Don Juan fazia Carlos Castaneda falar com plantas:

“... de agora em diante, fale com as plantinhas. Fale até você perder todo seu senso de importância. Fale com elas até poder fazê-lo defronte dos outros. ... Não importa o que você diz para a planta. Pode também inventar as palavras, o que é importante é o sentimento de gostar dela, de tratá-la como igual.”

Existem vários Não-Fazeres, a proposta é simples: faça diferente do que o normal. Não-Fazer para escrever? Escreva com o dedo. Não-Fazer para falar? Silêncio Interrior. Não-Fazer para preguiça? Fique em pé. Seja criativo, invente o seu.

Por fim, temos a parte mais difícil do processo: Abandonar o ambiente que lhe seja familiar e confortável e buscar algum lugar hostil para viver. Todos passam por isso algum dia, quando saem da casa dos pais. O processo desta vez é buscar um lugar que seja realmente hostil ao seu ser: feio, isolado, numa região que seja afastada de sua vida cotidiana. Este é o ponto alto do apagar a História Pessoal. Depois disso, só sobra ao Guerreiro aquilo que lhe é necessário.

É um processo doloroso e demorado. Mas é um processo recompensador.

Nenhum comentário:

Praticas Toltecas Essenciais